A embalagem é uma peça-chave quando se trata de aceitabilidade de mercado, visto que ela é a intermediadora entre produtor e consumidor. Para tanto, é imprescindível a comunicação assertiva veiculada no rótulo. Essa comunicação deve se estender além da esfera visual; é necessário criar identificação, estimulando sentidos sensoriais que possibilitem identificá-la, tanto no ponto de venda, quanto na usabilidade do produto. Nesse contexto emerge a importância da acessibilidade nas embalagens.
No setor alimentício, a empresa Sadia foi pioneira ao disponibilizar em suas embalagens informações em Braille. Conforme dados do Instituto Sadia de Sustentabilidade, essa medida de caráter inclusivo teve início em agosto de 2000. Atualmente todas as embalagens de produtos trazem especificações em Braille, tais como marca, telefone do serviço de atendimento ao consumidor, tipo de produto e peso.
A Kellogg’s, empresa do ramo de cereais matinais, em parceria com o Real Instituto Nacional de Cegos (RNIB) está em fase de testes com o produto Coco Pops. A proposta é promover a leitura em voz alta da lista de alergênicos e de ingredientes. As embalagens usam a tecnologia NaviLens, que permite que smartphones detectem o código QR da caixa de cereal a até três metros de distância, ao invés de ter que posicionar exatamente sobre o código. Para tornar o processo ainda mais acessível, há instruções em Braille sobre como fazer o escaneamento com o celular.
No Brasil, até o momento, não existe lei que obrigue a informação em Braille nas embalagens de produtos. No entanto, atento à necessidade de atenção aos deficientes visuais, o deputado federal João Fernando Coutinho (PSB-PE) apresentou o Projeto de Lei nº 557/2015, que exige o uso dessa escrita em relevo nas embalagens de alimentos, medicamentos e materiais de limpeza. A proposta tramita em regime de urgência no Plenário da Câmara.
Sendo assim, a julgar pela possível necessidade de adaptação advinda pelo Projeto de Lei e pelo crescente desejo do consumidor de compreender as informações rotuladas, é necessário o fomento à designs mais inclusivos de embalagem alimentícia.
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